quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Golpes de Génio - La Dolce Vita


Realização: Frederico Fellini
Argumento: Frederico Fellini
Elenco: Marcello Mastroianni, Anita Ekberg e Anouk Aimée

La Dolce Vita é a obra mais importante de um dos realizadores mais importantes, e só isso já é suficiente para lhe chamar um Golpe de Génio. Tecnicismos à parte este foi, é, e creio que será sempre o filme mais importante da minha vida. Por isso perdoem-me alguma atrapalhação introdutória - é dos nervos.

O filme começa com a estátua de Cristo a sobrevoar a cidade, preso a um helicóptero. O espectador desprevenido poderá ser levado a pensar que Fellini pretende abençoar Roma - não se engane. O começo do filme, tal como o seu título, não podiam ser mais irónicos.
Dentro do helicóptero está Marcello, um colunista cor-de-rosa cuja rotina se divide entre as festas das estrelas e as relações fugazes e vazias. Marcello é interpretado por Marcello Mastroianni, e os dois misturam-se tanto que nem o nome muda.

Mastroianni sempre foi um actor passivo e, neste filme, isso faz sentido. A viagem do personagem é a  viagem do espectador. Este deixa-se guiar  pelo mundo do espectáculo, do estrelato, das festas que nunca acabam e das relações que nunca começam - mas a sua mensagem é muito mais abrangente. Marcello é um homem triste, desesperado por fazer algo mais com a sua vida - fala-se num livro que está a escrever mas que nunca acaba -, persegue as mulheres que não pode ter, afasta as mulheres que tem e, involuntariamente, conduz a sua vida numa espiral decadente, triste e resignada cuja única saída seria um regresso ao passado - à inocência. Mas já lá vamos.

O personagem adjuvante, herói de Marcello e seu único verdadeiro amigo é Steiner. Steiner é um homem culto, realizado, com uma família que ama e uma vida aparentemente perfeita. Os serões serenos que Marcello passa em sua casa contrastam com as noites loucas da dolce vita. Fellini mostra-nos que ainda existe esperança para Marcello, e Marcello sente que pode vir a ser igual a Steiner, que a sua vida ainda não está totalmente perdida... Mas isto não é uma canção de amor. Steiner acaba por tirar a sua própria vida e dos seus filhos ainda nos berços.
Quando questionado pela polícia sobre o motivo do crime, Marcello responde "Ele tinha medo, suponho...".

Com a morte de Steiner, morre também a esperança de Marcello e, no fim, é essa a mensagem de Fellini - resignação. A doce vida é tão amarga, que é impossível fugir dela. Quando Marcello, na sua última tentativa de isolamento, recolhe a uma vila pacata para poder acabar o seu livro, conhece uma rapariga inocente que personifica a pureza da infância, do campo, da vida simples. Apesar dessa cena ser das mais curtas do filme, não estranhamos quando voltamos a ver a mesma rapariga no fim - numa última oportunidade para Marcello ser feliz.

O filme acaba com uma cena simétrica à de abertura. Se no princípio nos mostram um falso Cristo a sobrevoar Roma, no final vimos Marcello a chegar à praia, embriagado, com um grupo de gente do mundo do espectáculo, para verem um peixe morto que deu à costa. O peixe é Cristo - desta vez real e  de olhos abertos - "Está morto. Para que olha ele?". Marcello abandona o peixe e vê que alguém o chama do outro lado da praia. É a rapariga. Chama-o, faz sinais, mas o barulho das ondas do mar não o deixam perceber - "Non si sente... non si sente". Marcello ajoelha-se na areia da praia, olha a rapariga uma vez mais, encolhe os ombros, e baixa os braços - prostrado.
Nunca mais me vou esquecer do último olhar da rapariga antes de ele virar as costas - é um olhar triste, mas quente, de pena e de amor. Marcello é um homem bom mas nunca conseguiu ser um bom homem. O sonho da doce vida, das festas intermináveis e das relações fugazes destruiu-o e, no final, volta derrotado.

La Dolce Vita não é um filme para adolescentes. Quando se é adolescente não se entende os malefícios das más escolhas, das vidas voláteis e das relações descomprometidas. La Dolce Vita é para quem já a viveu mas conseguiu fugir dela - ou para quem, como Marcello, continua na festa da praia, a olhar o monstro, à espera de ouvir a rapariga gritar o seu nome.


Golpes Altos: Tudo. É o filme perfeito e o  melhor filme de sempre.
Golpes Baixos: Nada. Não mudava nada.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Testa-a-Testa - Zero Dark Thirty


Realização: Kathryn Bigelow
Argumento: Mark Boal
Elenco: Jessica Chastain, Joel Edgerton

Hoje estreamos a rubrica Testa-a-Testa, onde dois bravos bloggers lutarão num duelo até à morte.
As regras do jogo são simples: NÃO HÁ REGRAS!
Mentira. Há algumas regras. Não convém insultarem as mães um do outro, por exemplo.
O formato vocês vão perceber. Basicamente cada blogger escreve uma pequena crítica, e o outro tem direito a fazer breves apontamentos em itálico à crítica do seu desafiador. 'Tão entusiasmados?! 'Tão vá, 'bora!

Que Comecem os Jogoooos!


Crítica do buddy - com comentários do B.


Osama Bin-Laden morreu e, resolvido o assunto, terminou a maior caça-ao-homem da história dos Estados Unidos. Ok! Boa notícia! Repararam? “Boa Notícia”. Não é “Bom filme!” e muito menos “Bom filme de 3 horas”.
(que redutor buddy... qualquer dia dizes que achas o De Niro sobrevalorizado...)

Não digo que o filme seja mau, porque não é. Tem uma boa realização, bons actores, boa fotografia e todas aquelas merdas técnicas que ninguém sabe bem distinguir e que, quando a imagem é boa, levam todas 5 estrelas. Então e depois? É isto um filme? Um conjunto de virtudes técnicas? Isso é engenharia, não é arte.
Um thriller vive pelas suas personagens, pela sua intriga, pelo seu suspense – três coisas que Zero Dark Thirty não tem.
(claro que um filme exuberante tecnicamente não é necessariamente um bom filme, mas dá uma ajudinha... Intriga e suspense é praticamente constante... mesmo com 3h ela consegue manter-nos agarrados através dessas 2 armas do suspense. As personagens podiam ser melhor aproveitadas? Sim, mas ela deu mais valor à história...)

O primeiro filme desta realizadora foi tudo o que este não conseguiu ser, e colou-me à cadeira. Este resume-se à história de uma mulher que fez o seu trabalho bem feito – e o que isso implica é que, no momento da decisão final, tem mais 35% de certeza que os outros. Um grande filme não se faz sobre uma margem de 35%, e certamente não se teria feito se a personagem principal fosse um homem (desculpem, mas tinha que ser dito).
(colou-me o 1º e colou-me este. Nisso ela não falha nem por nada... E voltas a ser redutor quando resumes o filme à percentagem favorável no momento da captura...)

Golpes Altos – Tecnicamente bom. (faltou aí o “muito”)
Golpes Baixos – Emocionalmente vazio. (querias lágrimas a mais, sangue a mais, funerais e loucura? Isto não é o Lendas de Paixão!)



Crítica do B. - com comentários do buddy

Este filme mostra a dimensão da realizadora. Desta vez confirmou a qualidade inegável a nível técnico mas acima de tudo, passou para outro nível no que toca à narrativa...
Eu não sou fã do seu anterior filme embora dê a mão à palmatória no que toca à qualidade técnica e à tensão constante com que o filme nos infecta. No entanto parece que estamos sempre à espera de mais qualquer coisa.
(se o filme mostra a dimensão da realizadora, então esta realizadora é unidimensional – sinceramente, acho que o filme só tem um personagem e muitos figurantes participativos.)

Aqui não... Aqui ela conta a história dividida por capítulos sem que se note minimamente as 3 horas. É um filme muito intenso mas sem ser “dramalhão” ou demasiado “parcial”, embora não me pareça complicado tomar um partido nesta história. Não temos que concordar com a forma ou com o resultado final, mas isso vai para lá do filme.
(diz que há gente que entra em coma e também não dá pelo passar das horas…)

A realizadora centra toda a história na personagem principal que percebe-se de início ser meio “deslocada” de tudo o que a sua missão a obriga. Ambiente, país, colegas, formas, feitios, etc... Não entendo que digam que ela está incrível porque não está... é linda? CLARO que é... mas queria muito alguém mais poderoso para este papel. Ainda assim, ela consegue transmitir a evolução da personagem de forma muito coerente.
(ok, ela é linda e adoro-a vestida de khaki, mas tu és feio e dizes coisas erradas)

É Top 5 dos melhores filmes do ano, não que tenha sido um ano muito bom.
(foi um ano bom, foram uns Óscares maus e este filme contribuiu para isso)

Golpes Altos – Técnica e Narrativa... Tudo a roçar a perfeição. (perfeição?! A sério?!)
Golpes Baixos – Interpretação da ruivinha. (eu acho que é mais culpa da merda de diálogos que lhe deram do que da qualidade da menina)



E assim, terminado o duelo, um de nós será enforcado em praça pública. Você decide!

sábado, 26 de janeiro de 2013

Amour

Realizador: Michael Haneke
Argumento: Michael Haneke
Elenco: Jean-Louis Trintignant e Emanuelle Riva

Esqueçam tudo o que sabem sobre o amor, sobre a vida, sobre a velhice e, já agora, sobre o cinema. Este filme vai provar-vos errados, ou pelo menos abrir-vos os olhos a uma realidade um bocado mais crua do que a que estão habituados.
Os anos passam, e nós vamos vendo cinema - uns melhores, outros piores e, de vez em quando, surge um que nos faz crescer como pessoa, perceber coisas que não tínhamos ainda percebido, que nos envelhece a alma e nos prepara para o que está para vir.

No novo filme de Michael Haneke, este mostra-nos uma violência demasiado real para um realizador que nunca foi brando, sempre conhecido por pôr o dedo nas feridas e mostrá-las ao público. E a verdade é que, em Amour, encontrou provavelmente a obra da sua vida, e indiscutivelmente o melhor filme do ano.

Não é um filme fácil, e desaconselho pessoas de maior susceptibilidade emocional a aventurarem-se nesta história. O filme é protagonizado por dois gigantes do cinema francês - Jean-Louis Trintignant era um preferido de realizadores como Claude Lelouche e Costa-Gavras, enquanto Emanuelle Riva ficou conhecida pela sua participação na trilogia de cores de Kieslowski e no clássico Hiroshima Mon Amour
Aqui, eles são Georges e Anne - um casal idoso, ambos reformados do mundo da música clássica, que partilham uma vida e um casamento num apartamento de Paris. A sua relação perturbou-me, e demorei tempo a habituar o meu estômago ao que os meus olhos estavam a ver. Depois percebi porquê. Porque o amor deles não é um amor doentio, não é um amor possessivo, não é um amor esgotado, podre, apaixonado - é um amor verdadeiro. Um amor de quem o mereceu. E é isso que sentimos na relação dos dois, que nem à própria filha permite interferência. Mereceram o seu lugar no mundo juntos, e perceberam que só se têm um ao outro.

Mas tudo isto é contado em retrospectiva. O filme começa com o apartamento fechado, vazio, abandonado. Com um grupo de bombeiros a derrubarem a porta para encontrarem Anne deitada cuidadosamente, entre ramos de flores, numa cama amortalhada com carinho. Percebemos que o cadáver já lá está há algum tempo e que quem o deixou, deixou-o para ninguém mais lhe tocar.

É difícil falar sobre filmes que são muito maiores que nós. Nestes casos, é preferível tentar explicar o que eles nos ensinaram, e adoptar uma postura humilde. A mim este filme mostrou-me o que é amar e afinal não é como nos filmes.
O Amor de Haneke não é para meninos. Mas também não é para velhinhos. A bem dizer, custa-me aconselhar um filme que nos obriga a saltar anos de existência para ver aquilo que vamos ser quando envelhecermos. E não é tudo bonito e tranquilo. É também feio, bruto e crú - mas assim são as relações.
E quando, no fim, os bombeiros me vierem buscar, só espero ter alguém que me prepare com o mesmo cuidado e com o mesmo amor.


PS - Golpes Altos e Baixos não se aplicam a este filme, ou pelo menos não vou ser eu a dizê-los.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Golpes de Génio - Match Point


Realizador: Woody Allen
Argumento: Woody Allen
Actores: Scarlett Johansson, Jonathan Rhys Meyers, Emily Mortimer 

Esta ópera do Woody Allen foi como um grito de guerra. O realizador já andava perdido em filmes menores há alguns anos e depois de um amuo com o seu país e cidade de origem, decidiu aventurar-se na Europa. Resultado? O melhor filme do Woody Allen sem contar com a sua "Primeira Fase".
Chamo "Primeira Fase" a tudo o que foi feito até... provavelmente... Os Dias da Rádio. Depois houve uma fase "jeitosa" mas com menos qualidade que termina no Sweet and Lowdown. Depois uma fase menor antes do Realizador abandonar os EUA e agora a fase Europeia que tem como grande destaque este Match Point.

Neste filme ele torna-se visceral.
Tem como base Dostoievski e o seu Crime e Castigo, um tema já transposto para cinema, mas aqui, mesmo com uma ausência gritante de subtileza dessa "adaptação", parece-me que ganha uma nova dimensão.
Ele desvenda-nos o desenrolar do filme nas primeiras cenas, ninguém fica indiferente ao ver o personagem principal a ler esta obra, e depois conta-nos a história que vai trazer o paralelismo aguardado.

E se alguém conta bem histórias... é este homem pequenino e neurótico.

Este filme merecia ter 3h para poder respirar as evoluções e destruições das personagens, para poder ter mais planos do corpo da Scarlett (se ele pode ter planos destes, eu posso comentá-los como parte do filme!), para poder aumentar ainda mais a tensão dos momentos em que já percebemos o que vai acontecer mas ainda não vimos... Isto posso apontar ao filme... Precisava de mais tempo embora funcione como está.

Tudo funciona como numa Ópera, tem os passos todos e a música de fundo não engana. Este filme não tenta ser subtil, não tenta dar dicas...mostra tudo a nu, a cru, abre-se de forma bastante clara sem rodeios e sem "merdas". É desconfortável por vezes? Que seja, é assumido e quer passar tudo isso a quem está a ver... É previsível? Sim mesmo quando nos surpreende nem que seja neste ou naquele detalhe.

Uma coisa é certa, se tivesse a "sorte" que ele próprio sugere ao longo do filme, este teria uma dimensão bem diferente na história recente do cinema.


Golpes Altos: Frontalidade, Desconforto, Ansiedade, Desespero... tudo presente como nunca! Uma brutalidade muito própria que vive de espasmos da história.

Golpes Baixos: O actor principal é dos piores da história do cinema...
Mais 1h de filme podia ajudar a dar mais "corpo" ao mesmo.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Argo


Realizador: Ben Affleck
Argumento: Chris Terrio
Elenco: Ben Affleck, Bryan Cranston, Alan Arkin, John Goodman, Tate Donovan e Chris Messina

Este filme é a mulher perfeita - séria, honesta, boa e que não se borra toda de maquilhagem.
Nos dias de hoje, parece que nós homens nos fixámos em mulheres de saia curta, lábios pintados, cara cor de laranja e decotes a bater no queixo. O mesmo está a acontecer com os filmes. Queremos é ver Tarantinadas, filmes cheios de efeitos especiais, catástrofes naturais, realizações dinâmicas, planos de autor... Mas eu pergunto: é isto o cinema? Não, não me parece que seja. Cinema é, como todas as artes deviam ser, um meio para contar uma história. Eu sou suspeito... Irrita-me a arte moderna, conceptual - pintinhas, bolinhas, cores e uma gaiola com um cagalhão lá dentro (sim, isto existe). Por isso, quando ontem me sentei a ver o último filme do Ben Affleck, senti respeito. Respeito por um artista que não fez um filme para se glorificar ou para mudar a história do cinema, mas simplesmente para contar uma história importante, da forma mais honesta e mais profissional possível.

Argo não é um filme "baseado em factos verídicos". É um filme que retrata factos verídicos, tal como aconteceram. É um filme político, sem nunca ser faccioso ou tentar passar apenas uma mensagem. Affleck teve o cuidado de mostrar os dois lados da mesma moeda e, num tema tão sensível quanto as relações EUA-Irão das últimas décadas, isso é essencial. Portanto, sem desvendar plot points, temos aqui um guião incrivelmente bem escrito, uma realização matura, profissional, eu diria clássica (se isso não afugentasse algumas almas pós-modernas), um elenco de luxo e, no fim do dia, um filme que se valoriza pela sua humildade e pelo seu trabalho.

Deus sabe (e nós também) que Ben Affleck teve o seu momento negro. A relação com a J-Lo tirou-lhe a vontade de fazer filmes decentes (mas Ben, eu percebo!), e vagueou por Hollywood sem eira nem beira. Mas eis que chega 2010, e com ele o regresso do Ben ao cinema de qualidade, com um projecto pessoal chamado The Town. E curiosamente, The Town em muito se assemelha a Argo. Tem a mesma simplicidade, o mesmo profissionalismo, e o mesmo leque de bons actores que todos dizem ter sido "uma experiência incrível trabalhar com Affleck". Portanto o que temos aqui é uma espécie de Cristiano Ronaldo do cinema - um gajo com talento, mas com uma capacidade de trabalho que lhe permitirá ficar na história.

Foi uma agradável surpresa, e decididamente um dos meus preferidos para os Óscars deste ano (não conseguindo obviamente destronar o Amour). Parabéns Ben. Parabéns pela Jennifer, pela outra Jennifer, pelo Good Will Hunting, e por estes dois últimos. És um standup guy!


Golpes Altos: Tudo o que referi em cima, mais as interpretações de gigantes como Alan Arkin e John Goodman, e novatos como Chris Messina e Tate Donovan (este último não é assim tão novato, mas aparece pouco).

Golpes Baixos: Corte de cabelo do Ben.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Life of Pi


Realizador: Ang Lee
Argumento: David Magee (adaptado do Yann Martel)
Actores: Uns Indianos e outro gajo

O Ang Lee depois de andar a brincar aos Tigres e Dragões, aos Cowboys Veados, ao Antigo jogador do Porto e às Tele-Novelas de duas horas, decidiu voltar ao Tigre numa história, para mim, em tudo deliciosa. Voltou a casa como o rapazito bem tentou.

Se há coisa que gosto muito nos filmes são histórias bem contadas... simples, complexas, longas, curtas, isso já me é indiferente... desde que sejam bem contadas. Esta é um excelente exemplo disso mesmo.

Quero lá saber se os críticos acharam um filme menor e com um cuidado exagerado no que toca a estética deitando por terra alguma emoção... Não concordo. Sim, claro que há um cuidado estético acima do normal, ora não fosse o Ang Lee! Mas daí a dizer que se perde emoção? Como assim? Dizem o mesmo dos momentos mais "pálidos" da cultura oriental no Tigre e o Dragão? É parvoíce. Há emoção e muita, há desespero, há esperança, há derrota, há de tudo um pouco e sempre bem retratado... Frieza? Só se for a do Tigre.

Tudo bate certo, não vejo buracos num filme que tinha tudo para dar merda... (peço desculpa pelo meu latim) A história original é fraquinha (acho que é o termo técnico), imaginem isto nas mãos do Michael Bay... Mas não falhou! Ele não se perde nas noites fantásticas que cria, no espelho de água que reflecte tudo sem medos, na floresta viva, no Tigre 100% C.G.I... ele traz-nos isso tudo que não me fascina por aí além, sem NUNCA em tempo algum se esquecer da história que está a contar.

Os papéis? O puto faz um papel complicadíssimo porque apenas "contracena" com um Tigre... E não se safa pior que o Tom Hanks.

Gostei mesmo muito do filme, é daqueles filmes bonitos que sabe mesmo bem ver.
Sim, para levar uma miúda ao cinema por exemplo... Uma pirosada qualquer dessas.

Golpes Altos: Como ele conta a história, a química com o Tigre e os desvarios gráficos do Ang Lee.
Golpes Baixos: Algo previsível a dada altura.


PS: Madagáscar II meets Cast Away?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Silver Linings Playbook


Realizador: David O. Russel
Argumento: David O. Russel
Elenco: Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert DeNiro

Há filmes difíceis de se dizer mal. Não por serem bons, mas por serem simpáticos, positivos, e terem grandes planos do rabo da Jennifer Lawrence. Ainda assim, faço questão de dar o meu melhor.

Silver Linings Playbook é uma comédia romântica, e o sexto filme de David O. Russel (Três Reis, The Fighter, Os Psico-Detectives). O primeiro erro do filme está em começar demasiado bem. Sim, é isso mesmo. O começo do filme é demasiado bom para uma comédia romântica. As personagens demasiado profundas e bem construídas, os diálogos demasiado bem escritos e uma realização inédita num filme deste género. O próprio título tem uma carga um tanto poética - Silver Lining sendo uma espécie de "lado bom da tempestade" ou "copo meio-cheio" - e torna-se o grito de guerra do personagem principal, juntamente com a palavra Excelsior - também utilizada por Walt Whitman e que significa "sempre melhor". Juntamos tudo isto a duas personagens complexas e clinicamente perturbadas (ele deixado pela mulher, ela viúva muito cedo) e o filme tem tudo para me cativar, e tudo para ser mais que uma simples comédia romântica. E eis que a coisa começa a correr mal.

O argumento parece não estar satisfeito com a trama inicial. Desata numa trapalhada de twists horríveis com apostas de jogos - impulsionadas pela personagem de DeNiro, um pai obsessivo compulsivo com um problema de jogo - cartas que foram e não foram escritas, intenções escondidas, ela afinal coiso, e ele afinal pumba e, afinal, o filme dá merda. Torna-se demasiado complexo para poder ser coerente. Subitamente, os problemas psicológicos deixam de ser credíveis, bem como as suas supostas recuperações. Perde-se a vertente dramática, e a coisa deixa de ter piada (sendo que nunca teve muita). Muito por culpa de maus diálogos, mas muito também por culpa da péssima actriz que é Jennifer Lawrence. Nós sabemos que ela é óptima atrás, à frente, de lado e foi difícil abstrair-me disso e concentrar-me na sua actuação, mas a realidade é que ela é mázinha, e o filme perde com isso (fez-me imaginar o que uma Natalie Portman faria desta personagem).

Custa-me dizer isto, porque me agrada a ideia de se fazer uma comédia romântica com conteúdo, bom gosto, boa realização, boas referências... Mas não é isto. E custa-me que este filme seja candidato aos Óscars, enquanto se fazem comédias românticas independentes tão muito melhores com metade do orçamento (exemplo do ano: Celeste and Jesse Forever).

David O. Russel, tu és bom. Eu sei isso. Fizeste coisas incríveis e de muito bom gosto. Onde foi parar o humor dos Psico-Detectives? Esse humor subtil, inteligente? Trocaste-o por uma comédia familiar com cenas que só fazem rir quem nasceu antes do 25 de Abril, e isso não é fixe. No entanto, obrigado pelo esforço em fazeres algo diferente, obrigado por pores o personagem principal a ter um ataque de fúria com um livro de Hemingway (um final de livro frustrante até para quem não tem problemas psicológicos), obrigado por mostrares que o Bradley Cooper é bom actor, e obrigado... muito obrigado por me mostrares o corpo da Jennifer Lawrence. É um escândalo e merece ficar na história. Agora vai-te lixar, que já não há desculpa para certos erros.


Golpes Altos: Realização, Primeira Hora de Filme, Banda Sonora, Pormenores de Guião, Cu da Jennifer Lawrence (desculpem, juro que não falo mais nisto).

Golpes Baixos: Robert DeNiro que subitamente deixou de ser bom actor, Jennifer Lawrence que nunca vai ser boa actriz, Chris Tucker que é praí o pior comediante de sempre, péssimos twists, argumento demasiado ambicioso e, por isso, trapalhão, cenas cómicas muito fraquinhas.


domingo, 20 de janeiro de 2013

The Sessions



Realizador: Ben Lewin
Argumento: Ben Lewin
Actores: John Hawkes, Helen Hunt, William H. Macy

O Mark O'Brian é o meu herói, ou então o Ben Lewin aligeirou a coisa (Polaco, gordo e careca... antes isso que pedófilo). O humor constante do homem que só pode viver 4h por dia fora de uma autêntica máquina do tempo metálica que o ajuda a respirar, é no mínimo contagiante. O gajo tem piada, por vezes tem muita piada, é charmoso, goza com ele próprio... que maravilha!

É daqueles filmes que um realizador preguiçoso ou sem grande calibre não tem que se preocupar muito. O filme consegue viver por si, pela história e pelo elenco de grande qualidade que acabou por ser escolhido. Só pela excelente escolha já merece o meu voto de confiança para outra aventura.
Este tipo de filme vive das suas interpretações e por isso vamos a elas:

- Para mim o William H. Macy é um actor-secundário de alto gabarito, daqueles na linha do Seymour Hoffman (o maior...) que dá um sumo aos filmes onde entra com uma facilidade assinalável. Um padre com sentido de humor (não sabia que existiam), muito sincero e que sabe bem como separar as águas quanto tem de intervir.
- O John Hawkes fez uma escolha de papéis bastante diversificada na carreira dele, destaque para o seu papel num filme que gosto muito, o Me and you and everyone we know, e aqui abraça um projecto que lhe pode dar uma mãozinha para ir aparecendo em produções mais ambiciosas. Ele neste papel consegue de facto dar uma vida a este corpo morto. Muito bom humor, muito coerente e acima de tudo muito capaz. Gosto de fazer aquele exercício de "quem vias a fazer este papel?" e depois de o ver não sei se alguém o faria tão bem.
- Helen Hunt... oh Helen Hunt... Uma vida toda para te ver nua e tenho de o ver com uns 10 anos de atraso? Ok, corpo fantástico para uma mulher de 50 anos mas... podias ter feito isso há mais tempo!
Outra coisa... qual é o teu problema com pessoas "especiais" na vida das tuas personagens?
1- Mãe de um puto cheio de problemas com asma e amante de um maníaco no As Good As it Gets.
2- Mãe de um puto "especial" meio autista no Pay it Forward.
3- Mulher de um Náufrago que passou meses sozinho numa ilha no Cast Away.
4- Amante de um gajo que ouve o que as mulheres pensam no What Women Want.
5- Escorpião de Jade (é do Woody Allen, ninguém é normal num filme do Woody Allen...).

E agora és terapeuta sexual de deficientes? (quero realçar que não fazia ideia que havia esta profissão, se calhar é por isto que há tão pouco desemprego nos EUA... é que inventam tudo para profissionalizar)

A sério, que fez esta mulher para merecer isto? Não pode ser uma dona de casa normal? Não pode ter uma família feliz? É que até já foi apaixonada por um taradinho por Tornados no Twister!

Bom, depois deste Fait-Diver demasiado grande, ela aqui faz um papelão e o conforto que tem com a nudez à frente das lentes do realizador é incrível. Tenho dificuldade em enunciar actrizes que destaque de todas as outras mas esta pertence mesmo a esse grupinho.

Bom filme, não é de todo um GRANDE filme mas diria para irem ver que vão passar um bom bocado.

Golpes Altos - Excelentes interpretações.
Golpes Baixos - Nudez com 10 anos de atraso e uma realização sem esforço.

A Glimpse Inside the Mind of Charles Swan the III


Realizador: Roman Coppola
Escritor: Roman Coppola
Actores: Charlie Sheen, Bill Murray e Jason Schwartzman

O cartaz é sugestivo, eu sei. O que temos aqui é algo diferente dentro do mesmo estilo. Original, mas decalcado. Moderno, mas um bocado antigo. 'Como assim?' - pergunta o intrépido e curioso leitor. É uma boa pergunta. E a primeira de muitas que surgirão na sua cabeça ao longo deste filme. 

Roman Coppola - filho do Coppola e irmão mais velho da outra Coppola - tem feito carreira como braço-direito da nova vaga de realizadores (que basicamente consiste na sua irmã e no seu melhor amigo). Mas eu sempre defendi que uma cunha pode ser utilizada com dignidade, e o Roman ainda não me desiludiu. Co-escritor do Moonrise Kingdom e do Darjeeling Limited e Co-Realizador do Lost in Translation e do Life Aquatic, fez o seu début a solo com o filme CQ - uma homenagem aos anos '60 muito especial (no bom sentido).

Apresentações feitas, vamos ao que interessa. A crítica esmagou este filme. Diz que é mau, misógino, disparatado, que o Charlie Sheen faz dele próprio, que é uma imitação barata de Fellini, e que não serve para mais nada senão aceder aos caprichos e manias de grandeza do próprio realizador. Eu discordo - tirando a parte do misógino... essa é completamente verdade... e a parte do Charlie Sheen fazer dele próprio também... mas o resto é tudo mentira! O filme não é, como os críticos dizem, um remake do 8 1/2 do Fellini, mas sim uma ode ao mesmo. 

O personagem principal, Charles Swan, é um artista com uma crise de identidade, um womanizer que se apaixona pela única mulher que não pode ter e que mais difere da sua própria personalidade. Espera... isto é-me estranhamente familiar... Ah, exacto! É o mesmo Charles Swann (desta vez com dois n's) do Proust. Agarrar neste personagem, misturá-lo com um Bill Murray vestido de John Wayne e um Schwartzman vestido de... judeu? é uma combinação incrível. É um filme feito para homens, tal como os do realizador que pretende homenagear e, como viagem pelo subconsciente alfa-masculino, não podia estar melhor.

Roman mistura Proust e Fellini nos seus próprios termos - com as suas cores, os seus cenários, os seus actores e os seus diálogos - e por isso é perfeitamente válido. Nos dias que correm, acho que ver um filme tem que me dar algo novo, algo que eu não conheça já. E este filme conseguiu fazer isso sem, de facto, criar nada. 
Como momento que define o filme, escolho a cena em que a personagem de Murray, depressiva e abandonada pela mulher, se deita numa maca de hospital, olha para Swan e diz que está velho de mais para se apaixonar outra vez - "desire is as close to happiness as I'm gonna get". 

Parabéns Roman. Por mim, 'tás aprovado.

Golpes Fortes: Guião fabuloso, actores fantásticos, cenários de autor, realização, Mary Elizabeth Winstead de ligas.
Golpes Fracos: Patricia Arquette e... Patricia Arquette?



sábado, 19 de janeiro de 2013

Beasts of the Southern Wild



Realizador: Benh Zeitlin
Actores: Que interessa? Ninguém os conhece...
Argumento: Lucy Alibar e Benh Zeitlin

Um realizador de 3 curtas-metragens decidiu atirar-se para o mundo das longas. Resultado? Nomeações para vários prémios (incluindo os Óscares principais) prometendo em breve um filme em Hollywood, assim daqueles de ação com o John Travolta.

Eu diria que este filme é um cruzamento entre o Where the Wild Things Are com o Black Cat, White Cat. O imaginário de um na imundice caótica do outro.

Uma miúda espertinha e muito charmosa (com uma idade inferior a 2 dígitos... não sei ver idades de putos... mas não chega a 2 dígitos esta...) que vive numa javardeira imensa sem a Mãe por perto e um Pai agressivo e doente.
O filme desenrola-se a um ritmo quase pretensioso por ser demasiado parecido com o génio de Malick (sucessor ou wanna be?), narração, muitos planos instáveis, terra, natureza, coisas muito cruas...

Gostei bastante do filme e gosto mesmo muito da história, no entanto acho que não a contaram da melhor forma... acho que há momentos em que a preocupação de dar um "tom" constante meio voyeur tira intensidade, tira efeito dramático... Propositado? Só o Zeitlin poderá dizer, mas caso o seja é um erro...isto porque não podemos basear um filme numa luta constante, numa dificuldade constante de ligação da criança com o mundo com a rodeia e depois perder intensidade dramática em momentos chave...
Para quem viu, a cena do bordel é de topo... muito muito boa...

É daqueles gajos que precisa fazer mais coisas para perceber se foi um One Hit Wonder ou se é alguém para ficar. Por agora convenceu-me.

Golpes altos: A história é boa, a realização arrisco dizer que é muito boa e o miúda está fantástica...
Golpes baixos: a dificuldade em transmitir emoções em alguns momentos.


PS: Oh buddy, vê lá outra vez o filme...

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Flight


Realização: Robert Zemeckis
Argumento: John Gatins
Actores: Denzel Washington, Don Cheadle, John Goodman e Kelly Reilly

Por onde começar? Denzel, és o maior. Zemeckis, reforma-te.

Depois de uma sequência de abertura arrepiante, o filme prometia ser um dos melhores do ano - e foi, nos primeiros 20 minutos. Depois, resta-nos 1 hora e meia tortuosa de filme-de-sábado-à-tarde manhoso e lento... muito lento.

Previsível e aborrecido, Flight lembra-nos o que pode correr mal quando um filme atinge o seu apogeu na primeira meia hora. Das duas uma, ou o argumento é tão bom e bem trabalhado que nos faz ficar e ver o resto, ou a realização é tão dinâmica que nos esquecemos que o argumento é uma merda. Mas não, nem nisso Zemeckis é bom. Ainda nos tenta cativar com um esgotante excesso de planos cool, nos quais Denzel e Goodman caminham em direcção à câmara com banda sonora de Stones.
Mas os anos '90 já acabaram, e o público ficou um niquinho de nada mais exigente.

E isto para não falar na mensagem assustadoramente religiosa, com diálogos que roçam os discursos da Igreja Universal do Reino de Deus. Ok, é um filme sobre redenção, mas temos que ser mais subtis se queremos fazer uma coisa com qualidade. Um filme não é uma plataforma ideológica, e nem todos estamos disponíveis a ser brainwashed sobre os benefícios de nos entregarmos a Deus e no castigo encontrarmos paz. Até agora, conheci dois autores que conseguiram explorar bem esta situação: Dostoiévski (Crime e Castigo) e Brad Anderson (O Maquinista). Zemeckis não é um deles.

Eu perdoo-o,  porque fez a trilogia do Regresso ao Futuro e o Contacto. Mas depois de três filmes de animação horríveis (Polar Express, Conto de Natal e Beowulf) e esta porcaria: Zemeckis, não me levas mais ao cinema.

Golpes Fortes: Boas interpretações, boa banda-sonora, excelente sequência de abertura.
Golpes Fracos: Mau argumento, realização medíocre, um dos piores twists da história do cinema.
Golpes Curiosos (Spoiler): Zemeckis, ninguém recupera de um coma-alcoólico em 5 minutos com duas linhas de cocaína... know your shit!


E agora o outro...

Eu sou o do mau gosto.

De facto raramente vou concordar com o outro escriba e isso até pode ser bom para os leitores (usei o plural por mero excesso de confiança). 
Eu vou dizer bem, dizer mal, dizer que gostei mas que o filme é mau, dizer que não gostei mas que o filme é bom, vou parecer politicamente correcto mas no fundo serei apenas um gajo a moldar-vos a opinião seja de que filme for.

Quanto às rúbricas o rapazinho ali de baixo já falou.
Vai ser giro e podem ir sugerindo conteúdo para isto se tornar mais interactivo, o mais provável é não ligarmos rigorosamente nada ao que disserem, porque, mesmo não sendo um crítico que só gosta de filmes Polacos a preto e branco sem legendas, vamos estar num poleiro onde nos vamos achar os maiores, onde a merda que vamos dizer a torto e a direito é, na verdade, uma linha de raciocínio que não toleramos ser posta em causa.

Queremos que haja discussão, opinião muito e pouco formada, argumentação mais ou menos rica e, acima de tudo, agressões verbais de alto nível para apimentar a coisa.

Já viram? Gajos armados ao pingarelho a falar de Cinema e que vocês podem de facto insultar e fazer-lhes chegar uma opinião? Maravilha... Cá estaremos para responder e tentar ao máximo que se sintam desconfortáveis.

Então, até já.

... Ou Como Deixei De Me Preocupar e Escrevi Sobre Cinema

Não sou crítico de cinema. Não gosto de críticos de cinema. Normalmente têm opiniões erradas porque não coincidem com as minhas. Quando é o caso, gosto de imaginar que quem crítica arte é porque não a consegue fazer e, nesta lógica, o mais provável é eu estar certo e eles errados.

Também não gosto de artistas. Irritam-me os discursos vazios, o uso exagerado de figuras de estilo, o olhar profundo e aquele sorrisinho largado no final da frase que diz - "Vêem como sou espertinho? Por isso é que sou artista.".
Isto é o que eu não gosto. O que eu odeio... Isso vai dar pano para mangas. O meu contributo para este blog vai ser preto ou branco, os cinzentos irritam-me. 

O objectivo é discutir filmes, juntamente com o outro gajo que vai escrever aqui, cujas opiniões normalmente diferem das minhas e que, por isso, padece do mesmo problema dos críticos: falta de gosto.
As reviews diárias vão ser de filmes recentes mas, eventualmente, inseriremos rubricas semanais em que falaremos de grandes clássicos do cinema, e ainda um espaço em que discutiremos o mesmo filme de dois pontos de vista (vai chamar-se Testa-a-Testa, fui eu que inventei!).

'Tá forte? Óptimo, espero que gostem.